domingo, 2 de junho de 2013

A crise da meia-idade nos homens


A chegada à ternura dos 40 tem destas coisas: um dia acorda e decide que quer comprar um Ferrari. Antes de adormecer, fantasia arranjar uma namorada com idade para ser sua filha. O problema é que não tem dinheiro para o carro e as miúdas de 20 anos não olham para si com segundas intenções, por muito que se esforce e tente fazer acrobacias sempre que passa por alguma. Já viveu alguma destas situações? Parabéns, chegou à crise de meia-idade.

Depois dos 40 anos, o homem despe a capa de super-homem e percebe que, afinal, não é imortal. Faz-se um balanço de tudo o que já se viveu e conseguiu, do tempo que ainda resta e dos objetivos que estão por atingir. Um exercício que, levado ao limite, pode trazer consequências profissionais, sociais e emocionais - desde mudanças de emprego precipitadas a divórcios.

Há casos em que esta consciência profunda da vida acontece aos 35. Outros homens experimentam-na aos 55 anos. O envelhecimento é um processo normal, mas que torna as pessoas mais vulneráveis. O aumento do índice de depressões nos homens entre os 35 e os 55 anos está, normalmente, associado a sentimentos de juventude perdida e à ideia de que já não se é atraente. 

A maioria dos homens sente que as ambições que tinha na juventude não foram realizadas e que a idade atual já não lhes permitirá realizar algumas delas. Perante estes pensamentos, alguns ficam deprimidos. Outros adotam comportamentos diferentes do habitual. Começam a ter mais cuidado com o aspeto físico, investem grande parte das economias em gastos supérfluos ou assumem comportamentos estereotipados da juventude. E o mito do interesse por mulheres mais novas tem a sua razão de ser. Acontece uma reorientação da sexualidade para pessoas mais jovens, como forma de negação de que já não se tem tanta energia e não se é tão atraente como quando se é mais jovem.

O rol de angústias já é grande, mas não fica por aqui. Esta é, também, a idade em que a saúde se começa a deteriorar. Embora os homens não experimentem as alterações físicas de forma tão visível como as mulheres que entram na menopausa, passam por um processo de declínio dos níveis de testosterona (o que conduz a uma diminuição do desejo sexual, redução da força muscular, aumento da gordura corporal, tornando ainda os homens mais suscetíveis a alterações de humor). Do ponto de vista físico, envelhecer traz outras mudanças: a excitação torna-se mais lenta, a ereção mais progressiva, o período de latência entre duas relações é mais prolongado.

Por estas e por outras, a entrada na ternura dos 40 tem muito pouco de ternurento para a maior parte dos homens. Os níveis de stress são grandes, há perda de interesse pela companheira, podem surgir depressões, há que lidar com os preconceitos culturais ligados ao envelhecimento.

Por outro lado, entre os 40 e os 50 anos, a pressão é grande. Os compromissos profissionais são maiores e as responsabilidades familiares mais exigentes. Muitas vezes, a quantidade de tarefas leva a um colapso. 

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